Justiça anula provas e absolve piloto preso com 400 kg de cocaína que partiu de MS

A Justiça Federal decidiu absolver Wesley Evangelista Lopes, piloto apontado como líder de uma organização criminosa no Amazonas e ex-procurado pela Interpol, que havia sido preso em dezembro de 2023 por transportar mais de 400 quilos de pasta base de cocaína em uma aeronave que saiu de Porto Murtinho (MS) com destino a Rio Claro (SP). A decisão também beneficiou o co-piloto, Alexandre Roberto Borges, ambos estavam em prisão preventiva.

Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o juiz Luciano Silva considerou que a abordagem ao avião foi irregular, o que resultou na anulação das provas obtidas durante a operação policial. Na sentença, o magistrado reconhece o caráter criminoso da conduta, mas apontou falhas no processo investigativo que comprometeram o direito à ampla defesa.

"Não há dúvida do caráter criminoso das atividades perpetradas pelo réu, que merecem reprimenda. A dúvida que remanesce é sobre a integridade do processo investigativo", afirmou o juiz. Ele também ressaltou que uma eventual condenação estaria baseada apenas em presunções e relatos de testemunhas que presenciaram a apreensão da droga, mas não tinham conhecimento da origem do entorpecente.

Durante o flagrante, Evangelista teria relatado aos policiais que receberia R$ 100 mil pelo transporte. Um carro modelo Fiat Strada aguardava o carregamento em Rio Claro, mas o motorista fugiu ao perceber a aproximação da polícia. A denúncia do Ministério Público Federal destacou que os próprios acusados itiram o crime à equipe policial, e que a quantidade de cocaína era incompatível com uso pessoal.

Wesley já era conhecido das autoridades por outros episódios relacionados ao tráfico de drogas, incluindo uma prisão anterior em 2019 e um acidente aéreo no Acre, durante uma operação semelhante.